Carlos Drummond de Andrade foi um grande poeta brasileiro, itabirano de Minas Gerais, bastante reconhecido, não sei se suficientemente. Suas principais obras foram escritas no período em que tínhamos no Brasil o chamado Período da República do Café com Leite, em que paulistas e mineiros se alternavam na Presidência da República. Drummont, como funcionário público, não tinha esta vinculação, e, juntamente com Manuel Bandeira, são os dois melhores poetas brasileiros de todos os tempos. Escolhi, para publicar neste caracterizado blog, um poema que não é muito conhecido, mas que eu realmente gosto.
Os Ombros Suportam o Mundo - Carlos Drummond
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade
http://pensador.uol.com.br/poemas_de_carlos_drummond_de_andrade
Enfim, Drummond tinha um estilo poético mais simples, mas de elevado nível, e suas fortes relações com Minas Gerais são bastante positivas.
Outro que gosto igualmente é Manuel Bandeira, pernambucano, do mesmo período de Drummond.
Manuel Bandeira
Nas ondas da praia
Nas ondas do mar
Quero ser feliz
Quero me afogar.
Nas ondas da praia
Quem vem me beijar?
Quero a estrela-d'alva
Rainha do mar.
Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.
(Estrela da Manhã)
Estrela da Manhã - Manuel Bandeira
Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã
Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda a parte
Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã
Três dias e três noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário
Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos
Pecai com os malandros
Pecai com os sargentos
Pecai com os fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras
Com os gregos e com os troianos
Com o padre e com o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto
Depois comigo
Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra
[e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira
http://pensador.uol.com.br/autor/manuel_bandeira
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quinta-feira, 4 de agosto de 2011
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