O dia que eu não tiver o que escrever, pedirei licença, e silenciosamente retornarei para a escuridão do abismo do nada. Onde o não-Ser é a condição mais enigmática neste caso. Mas confesso que por muitas vezes a minha cabeça anda ocupada com coisas longínquas, e não só escrever não ganha o impulso necessário, como também qualquer tarefa que envolva ocupar esta consciência tecnicamente. Então fica uma situação difícil, porque preciso estabelecer e adaptar os horários que são de estudos técnicos, mas por inúmeras vezes, uma pequena janela de imaginação se abre, em forma de questionamentos, de busca de conclusões, e adiar é um perigo enorme. Então lá se foi o dia, lá se foi a regra, a disciplina, embora outros ganhos bem maiores, outras regras e outras disciplinas, não nego que me é uma grande virtude, e um problema já bastante convivido. Não somente poucas pessoas têm o hábito de ler nesse nosso país, vamos subindo de nível, poucas têm o hábito de estudar, muito mais poucas, o hábito de pensares mais profundos. Não confundir com o ócio, embora ele bem usado favoreça sobremaneira. Mas porque se tivermos tanto ócio, teremos aí uma questão bem diferente. É certo que com ócio e recursos, teríamos nossas praias mais lotadas, e as casas de espetáculos, e o comércio e tudo o mais. E uma economia em que se trabalharia menos, se receberia melhor, e haveria quase nenhum desemprego. Mas sabemos das queixas dos empregadores, que teriam que contratar mais, com custos maiores, então tudo gira, basicamente, na necessidade de uma carga tributária menor, específica, para o incentivo trabalhista, além de uma série de incentivos empregatícios específicos. Já se aventou muitas vezes no Congresso Nacional, a redução da jornada de trabalho, ela é uma das possibilidades para resolver o problema do desemprego e da informalidade. Não podemos conviver com este problema, e o Brasil, que tem um histórico de confrontos e abusos trabalhistas, pode dar um passo à frente, resolvendo de forma eficiente este problema que aflige a todos os países, e aos mais desenvolvidos. Profissionalismo Máximo, é o que se exige. Não é exigir muito. Se quisermos dar um salto à frente das nações mais desenvolvidas, não basta termos muitos diferenciais, temos já que resolver problemas que afligem a todos. Nossos problemas trabalhistas; nosso sistema político-eleitoral; o sistema previdenciário, dentre outros.
A reforma política, que se encontra em análise no Congresso, vejamos. Voto em lista fechada: sou contra, pois voltaríamos a um caciquismo insuportável, aqueles que quiserem entrar na política, direito de todos, estarão impossibilitados. Voto distrital, misto ou puro: são possibilidades viáveis, sendo que o misto resolveria o problema de temas muito regionais. Voto majoritário urgentemente, com ou sem coligações. Por fim o financiamento de campanhas: serei permanentemente a favor do financiamento público, mesmo sabendo que este não será estabelecido nesta reforma nem nesta legislatura. São muitos os argumentos de que se trata de mais um gasto às custas da sociedade, mas devemos pensar, isso sim, de que a sociedade já paga de diversas formas, e a pior delas é o descontrole que há. Ora, um político não pode se orgulhar apenas pelo fato de possuir mandato popular, pelo voto, sendo esta uma das formas de orgulho, creio que ser financiado pela sociedade, devendo a esta prestar contas, estando cada vez mais próximo e identificado com o eleitor-financiador, é o orgulho maior. Hoje o político vive muito longo do povo, considerando-se popular apenas pela via do voto e os recursos midiáticos, com formas e recursos que nunca são transparentes. Uma coisa é certa: enquanto não forem financiados diretamente pelo povo, apenas a este devendo satisfação, numa relação correta de ações e de trocas, muitos homens não entrarão para a política. Esta é a constatação mais importante.
São pequenas considerações que quis fazer neste 1° de Maio. Hoje é uma data bastante importante em vários aspectos. Morreu nesse dia José de Alencar, grande romancista brasileiro. Foi nesse dia também que o Brasil perdeu um grande ídolo do esporte, Ayrton Senna da silva que morreu em Ímola, em 1994, enquanto perseguia o tetra-campeonato mundial. Hoje, também, realizou-se no Vaticano a beatificação do Papa João Paulo II. Ambos, particularmente, cada qual em seus seguimentos, deixaram-nos grandes exemplos. Pela grande identificação de associação com as massas populares, com benefícios concretos a estas, creio estarem, mesmos, bastante identificados com esta data.
Por isso e por tudo, pensei num jogo de dominó entre dois amigos no céu, enquanto tomavam, um deles uma xícara de café, o outro uma xícara de chá, e todos comiam panetones. Não se sabe quem se saiu vencedor, na média do total das várias partidas de dominó que jogaram do amanhecer ao entardecer do sol. Mas a observação que um deles fez, nos raros diálogos que tiveram, como se um campeonato mundial de xadrez jogassem, creio ser justa de boa anotação:
- Esse jogo tem uns lances emocionantes que até parecem jogadas do Maradona.
- Pelé, retruco, perdão.
- Jogadas do Pelé, do Édson, do Maradona, do Rincón e do Juan.
- Jogadas de Deus.
- RS RS... aqui é tudo como as crenças. Aqui a forma como as peças se firmam é tão emocionante quanto a vitória final.
- E importa a forma, se elas todas caem?
- Enquanto isso...
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